O candidato a prefeito de Caucaia, Coronel Aginaldo (PL), declarou que irá tomar medidas para expulsar membros do partido que decidiram apoiar a candidatura de Waldemir Catanho (PT). Entre os alvos das ameaças está Paulo Batisti, vice-presidente do PL em Caucaia, que recentemente manifestou apoio ao petista. Curiosamente, essa postura rígida contrasta com o discurso do PL, que frequentemente se apoia nos valores de "Deus, Pátria, Família e Liberdade". Como pode um partido que se apresenta como defensor da liberdade restringir a escolha de seus próprios membros, ainda mais em um cenário onde o PL sequer concorre no segundo turno?
Além disso, a contradição se torna ainda mais evidente quando analisamos o próprio histórico de Coronel Aginaldo. Ele, que agora ameaça expulsar quem apoia o PT, declarou apoio a Naumi Amorim (PSD) – um candidato notoriamente alinhado ao Partido dos Trabalhadores. Nas eleições de 2020, Camilo Santana (PT) pediu votos para Naumi em Caucaia, e em 2018, Naumi chegou a apoiar Fernando Haddad, o então candidato à presidência pelo PT. Mesmo o PSD, partido de Naumi, mantém alianças com o PT tanto no âmbito estadual quanto no federal, como se vê pela indicação de Gabriela Aguiar (PSD) como vice de Evandro Leitão (PT) em Fortaleza.
O discurso de Aginaldo de "expulsar traidores" se revela frágil diante dessa proximidade com o PT, já que a nível nacional, p Pl fez aliança com o PT em 85 cidades. Enquanto seus aliados de alto escalão estão livres para negociar com partidos de esquerda, os filiados do PL em Caucaia sofrem ameaças por não aderirem automaticamente à candidatura de Naumi Amorim, escolha do ex candidato Coronel Aginaldo.
A ironia é ainda maior quando se considera o apoio que Jair Bolsonaro recebeu em Caucaia em 2022, muito graças ao esforço dessas mesmas pessoas que agora são ameaçadas de expulsão. São militantes que se dedicaram a construir uma base sólida para o PL na região, mas que agora enfrentam punições por não seguirem a cartilha imposta pela liderança partidária, muitas vezes formada por figuras que possuem pouca ou nenhuma ligação histórica com a cidade.
A questão que fica é: onde está a verdadeira liberdade no discurso do PL? Ao que parece, ela só existe para aqueles que estão no topo, enquanto os membros de base são obrigados a seguir ordens, mesmo que isso contradiga os princípios que eles ajudaram a defender nas últimas eleições.
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